quinta-feira, 17 de março de 2011

Românticos são loucos desvairados..

Românticos são poucos
Românticos são loucos desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro é o paraíso

Românticos são lindos
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha e sem juízo
São tipos populares que vivem pelos bares
E mesmo certos vão pedir perdão
E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão

(Romântico é uma espécie em extinção)

Românticos
Composição: Vander Lee

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mais um caso ou acaso.

          Decidi tomar uma decisão mais propícia após mais uma daquelas decepções que deixam qualquer um à ponto de cometer qualquer loucura, por menor que seja. Fui ao meu quarto, sentei em minha macia cama e comecei olhar as fotos pregadas em meu quadro sujo. Várias lembranças percorreram por minha mente, passou um filme notório que me deixou absurdamente inconsciente. Pulei por cima da cama em direção a gaveta - que custou abrir de tão velha, olhei aquela que era minha única amiga - ou melhor, inimiga, abri o pacote de plástico, deixando cair um pouco no chão, coloquei sobre a mesa enfileirando-a com um pedaço de papel cartão. Puxei uma nota de 2 reais do bolso de minha calça rasgada e a enrolei. Olhei fixamente para o pó branco, pensando se realmente fazer aquilo que tinha parado de fazer há 5 meses valia realmente a pena. Uma parte de minha mente falava para não fazer e outra para fazer - como os diabinhos de desenhos animados. A vontade de uma sensação de liberdade de todos os problemas falou mais alto e lá fui eu, colocando a nota na entrada do nariz, e puxando todo aquele pó para dentro. Logo fiquei leve, e a sensação de êxtase subiu a minha cabeça. Abri meu guarda-roupa e separei minhas melhores peças - era o que eu achava. Coloquei em minha mochila tudo que fosse necessário, e fui para o quarto da minha mãe. Abri seu armário, a procura de quaisquer dinheiro que encontrasse e consegui achar 287 reais. Na minha concepção era o necessário para ir a alguma cidade distante das visões de minha família de falsas beatas e falsos amigos. Saí de lá, fechando a porta com toda força, peguei um cigarro no bolso, levei a boca e em seguida, peguei o isqueiro, o acendendo e puxando aquela fumaça com força para dentro dos meus pulmões que já eram fracos. Todos a minha volta me olhavam, a filha da nobre família havia se revoltado, virou rebelde, não quer mais saber de Deus e entre outras baboseiras que sempre julgam quem pelo menos tenta ser diferente do que é considerado normal.    
           Cheguei ao ponto de ônibus ainda fumando meu cigarro, e logo avistei um ônibus; joguei meu vício no chão, pisando com força nele para apagar. Entrei no ônibus, paguei e sentei perto de uma mulher com uma criança. Encostei a cabeça na poltrona e fechei os olhos. Depois 25 minutos de viagem, ainda estava sob o efeito da cocaína, ouvi um barulho com uma proporção sete vezes maior. Quando olho, vejo a criança comendo daqueles biscoitos de água e sal que fazem um barulho insuportável, capazes de fazer qualquer pessoa normal se irritar- imagina quem não está normal? Senti meu nariz escorrer e passei meu braço no mesmo com intenção de limpar.  Mas me dei mal, meu braço havia ficado estupidamente sujo com resíduos brancos de coca. Logo quando vi aquilo, troquei de lugar no ônibus- que não estava lotado, com medo da pobre mulher ter visto. Sorte a minha que nada aconteceu. Deitei o banco e dormi até o motorista me cutucar dizendo, com uma voz grossa, que era para eu descer. Observei aquele moço que tinha a aparência sofrida, imaginei os seus problemas e quis comparar com os meus, mas o sono não permitiu. Levantei rapidamente e saí do ônibus. Andei pelas ruas daquela cidade, tentando achar um lugar para me abrigar aquela noite. Uma chuva fina caía; levei minhas mãos a meus braços e comecei a esfregá-los, o frio estava ficando muito intenso. Meu celular começou a tocar, era a minha mãe. Atendi, disse que estava tudo bem e que nunca mais iria voltar pra casa. Ela entrou em desespero, mas desliguei para não ter que ouvir aquela dramática cena da minha mãe. Encontrei uma rua onde tinha uns roqueiros concentrados, apertando um beck e tocando em um violão velho, Beatles. Parei por uns segundos para observar, mas logo eles me olharam e então desviei meu olhar a um bar, onde entrei e comprei uma garrafa de vinho barato. Sentei no mármore de uma loja com a garrafa de plástico em mãos, perto de onde eles estavam, abri e tomei um gole. A chuva aumentava, eu estava ficando molhada e aos poucos o arrependimento ia descendo seco em minha garganta. Quando a garrafa estava na metade, uma das garotas do grupinho do Beatles me olhou de um jeito que me chamou atenção. Levantou e veio em minha direção com um sorriso que acendeu toda a chama ruim que pregava dentro de meu coração. Minha mão gelou, o batimento do meu coração acelerou de uma forma que nenhuma droga já havia me proporcionado. Levantei, olhei em seus olhos, suspirei. Ela parou em minha frente, perguntando se queria sentar com eles. Fiz que sim com a cabeça e fui ficar ao lado dela. Não conseguia desviar o olhar para outra pessoa. Conversamos por horas, sobre música, teatro, cinema, violões, bebidas. Contei o motivo de estar ali e então ela me chamou para dormir em sua casa. Aceitando a oferta, fui com a cara e a coragem- como dizem os antigos.
          Chegando lá, pude perceber que a gente tinha uma história muito parecida; nossos gostos e modos de pensar eram parecidos também. O que era para ser uma noite, se estendeu por uma semana, que foi bem intensa, por sinal. Demorou pouco para o primeiro beijo acontecer, foi mágico, aqueles que deixam nossas veias desaparecidas. Nós não conseguíamos nos desgrudar. A gente se completava de uma maneira que qualquer pessoa achava incrível. 
          As semanas foram passando e em um piscar de olhos, nós completamos um ano juntas. E foi nesse dia que ela me pediu em casamento. Viajamos pelo mundo, conhecendo todos os lugares que em minha infância inteira tive vontade de conhecer. Como nos primeiros anos, era uma "melação" e isso nunca se perdeu em momento algum. Adotamos um filho de 2 anos, que é meu amorzinho, compreende as coisas como um adulto. É minha alegria, junto com o amor da minha vida. E essa é nossa vida, há 30 anos. 



OBS: É apenas uma ficção.

quarta-feira, 2 de março de 2011

É como um relógio..




Uma das coisas mais importantes que aprendi em minha vida, é que tudo passa. Sem mais.